Escritores: Sant-Exupéry - O Pequeno Príncipe
Vi este texto pela primeira quando minha professora de francês, uma freirinha muito querida, trouxe para que traduzíssemos. Simplesmente amei! Era uma criança deslocada que não conseguia criar vínculo com ninguém e o texto tocou forte na minha emoção. Fiquei curiosa e busquei o livro. Ele é ótimo, mas este trecho é uns dos melhores.
"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o príncipe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade - disse a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/o/o_pequeno_principe
Pequeno trecho em Francês (não que eu lembre de alguma coisa) e comentários de Coimet.
« (...) Je ne mange pas de pain. Le blé pour moi est inutile. Les champs de blé ne me rappellent rien. Et ça, c'est triste! Mais tu as des cheveux couleur d'or. Alors ce sera merveilleux quand tu m'auras apprivoisé! Le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi. Et j'aimerai le bruit du vent dans le blé. (...)
Ainsi le petit prince apprivoisa le renard. Et quand l'heure du départ fut proche :
-Ah! dit le renard… je pleurerai (...) Alors [dit le petit prince] tu n'y gagnes rien!
-J'y gagne, dit le renard, à cause de la couleur du blé. » (Chapitre XXI)
"Escolhi, para esse breve ensaio***, o encontro da raposa e do pequeno príncipe por ser um dos capítulos que enfatiza dois temas pertinentes na obra: o amor e a importância da amizade. Nessa passagem, observa-se a simbólica do trigo que se transforma em pão espiritual. Transformação materializada no discurso, através da passagem de “le blé” (o trigo) sujeito verbal, cujo referente é uma coisa material, para “du blé” (do trigo) adjunto adnominal, passando a ser um símbolo da amizade. Convém lembrar que a palavra “copain” (companheiro) significava, em sua origem, aquele com quem se partilha ou se faz o pão.
De início, em “le blé pour moi est inutile”, o trigo era inútil para a raposa que não se alimenta de pão. Em seguida, ele poderá fazer lembrar a imagem do menino: “le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi”, uma vez que o pequeno príncipe tenha cativado a raposa. A proposição inicial do animal consistia em passar da indiferença e da solidão à amizade. Seu intento foi alcançado: “j'y gagne à cause de la couleur du blé”. Do trigo, ela extraiu não o pão, como no mundo material, mas sim o símbolo da amizade eterna, bem metafísico que supera a separação corporal."(Coimet,Yaracylda)
http://www2.af.rec.br/noticia.kmf?noticia=5144686&canal=277&total=18&indice=10
"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o príncipe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade - disse a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/o/o_pequeno_principe
Pequeno trecho em Francês (não que eu lembre de alguma coisa) e comentários de Coimet.
« (...) Je ne mange pas de pain. Le blé pour moi est inutile. Les champs de blé ne me rappellent rien. Et ça, c'est triste! Mais tu as des cheveux couleur d'or. Alors ce sera merveilleux quand tu m'auras apprivoisé! Le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi. Et j'aimerai le bruit du vent dans le blé. (...)
Ainsi le petit prince apprivoisa le renard. Et quand l'heure du départ fut proche :
-Ah! dit le renard… je pleurerai (...) Alors [dit le petit prince] tu n'y gagnes rien!
-J'y gagne, dit le renard, à cause de la couleur du blé. » (Chapitre XXI)
"Escolhi, para esse breve ensaio***, o encontro da raposa e do pequeno príncipe por ser um dos capítulos que enfatiza dois temas pertinentes na obra: o amor e a importância da amizade. Nessa passagem, observa-se a simbólica do trigo que se transforma em pão espiritual. Transformação materializada no discurso, através da passagem de “le blé” (o trigo) sujeito verbal, cujo referente é uma coisa material, para “du blé” (do trigo) adjunto adnominal, passando a ser um símbolo da amizade. Convém lembrar que a palavra “copain” (companheiro) significava, em sua origem, aquele com quem se partilha ou se faz o pão.
De início, em “le blé pour moi est inutile”, o trigo era inútil para a raposa que não se alimenta de pão. Em seguida, ele poderá fazer lembrar a imagem do menino: “le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi”, uma vez que o pequeno príncipe tenha cativado a raposa. A proposição inicial do animal consistia em passar da indiferença e da solidão à amizade. Seu intento foi alcançado: “j'y gagne à cause de la couleur du blé”. Do trigo, ela extraiu não o pão, como no mundo material, mas sim o símbolo da amizade eterna, bem metafísico que supera a separação corporal."(Coimet,Yaracylda)
http://www2.af.rec.br/noticia.kmf?noticia=5144686&canal=277&total=18&indice=10
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