História - Dia Internacional da Mulher

Há muita confusão sobre os motivos da escolha do dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher.  

Um site que gostei muito foi o do Vito Giannotti. O foco da publicação é desfazer o mito que associação o dia da mulher a uma greve que teria ocorrido em Nova Iorque em 1857, onde 129 mulheres teriam morrido.

Ele cita dois artigos de 1996 da professora da UFRJ, Naumi Vasconcelos e duas publicações de 2003 da professora Dolores Farias da Universidade Federaldo Ceará como base para dessa afirmação.

Outros estudos citados por Vito Giannotti são: “8 de Março: Conquistas e Controvérsias” de Eva A. Blay, de 1999;  “O Mito das Origens: sobre o Dia Internacional da Mulher” de  Liliane Kandel, de 1982 e "8 de Março, Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida” da Sempreviva Organização Feminista (SOF), de 2000.


Segundo o texto o mito teve como base duas greves que aconteceram em  Nova Iorque. A primeira, uma longa greve real, de costureiras, que durou de 22 de novembro de 1909 a 15 de fevereiro de 1910 e uma segunda  que ocorreu 29 de março, onde 146 pessoas, na maioria mulheres, morreram durante um incêndio.

Ob.: O incêndio, que foi citado por Giannotti como tendo ocorrido em 29 de março, aparece na wikipedia como tendo ocorrido dia 25 de março. Na parte do texto que Giannotti fala da "A origem do mito da greve de 1857 " é citado 146 pessoas mortas, na maioria mulheres e nas  "Datas básicas sobre a origem do 8 de Março", no mesmo texto,  é dito ter havido 134 grevistas mortos. A Wikipedia dá como número de mortos 124 mulheres e 23 homens. Seja como for, foram mais de cem mortos em um incêndio que poderia ter sido evitado se as reivindicações trabalhista na época tivessem sido atendidas.

Durante algum tempo a comemoração do dia da mulher ocorreu em datas diferentes dependendo do lugar. O tópico da luta sofria divergências entre grupos Socialistas, Anarquistas e Sufragistas.

Resumo do site: 
"Em 1908, a Federação dos Clubes de Mulheres Socialistas de Chicago toma a iniciativa, autônoma [...] de chamar para um Dia da Mulher. [...] 
O primeiro dia da Mulher, nacional, assumido pelo Partido, foi [...] em Nova Iorque, em 28 de fevereiro de 1909. Em outras cidades do País [...] foi celebrado em outras datas.
[...] em 1910, o Partido Socialista americano organiza, pela segunda vez, o Dia da Mulher no último domingo de fevereiro, em Nova Iorque. 
[...] Em agosto desse ano, [...] se realizou em Copenhague, na Dinamarca, a 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas. [...] aceitando a proposta das delegadas dos Estados Unidos, Clara Zetkin e outras camaradas propõem a realização anual do Dia Internacional da Mulher.  O dia ficou indefinido.
Na Europa, a primeira celebração do Dia Socialista das Mulheres aconteceu em 19 de março de 1911, por decisão da Secretaria da Mulher Socialista, órgão da Internacional [...]para lembrar um levante de mulheres proletárias, na Prússia, em 19 de março de 1848 (pelo direito ao voto). 
Nos EUA, a tradição de realizar o Dia da Mulher no último domingo de fevereiro se repetiu em 1911, 1912 e 1913. Em 1914, será comemorado em 19 de março [...]
Na Suécia, a primeira comemoração foi em 1º de março de 1911. O mesmo aconteceu na Itália.
Na França, o começo do Dia da Mulher foi em 1914, comemorado dia 9 de março, [...]
 Em 1914, pela primeira vez, na Alemanha, Clara Zetkin e as mulheres socialistas marcam data do Dia da Mulher para 8 de março. 
Na Rússia, sob da opressão do czar, o primeiro Dia da Mulher só foi comemorado em 3 de março de 1913.
Em 1914 todas as organizadoras do Dia da Mulher foram presas e com isso não houve comemoração.
                                             [...]
 No dia 8 de Março de 1917 (27 de fevereiro no calendário russo) estoura uma greve das tecelãs de São Petersburgo. Esta greve gera uma grande manifestação e dá início à Revolução Russa.

Alexandra Kollontai lidera, em 8/3 (1918), as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, em Moscou, e consagra o 8/3 em lembrança à greve do ano anterior, em São Petersburgo.
(1921)A Conferência das Mulheres Comunistas aprova, na 3ª Internacional, a comemoração do Dia Internacional Comunista das Mulheres e decreta que, a partir de 1922, será celebrado oficialmente em 8 de março.

Portanto, o dia foi escolhido em memória das mulheres trabalhadoras que  lutaram por melhores salários, diminuição da jornada de trabalho e melhores condições de trabalho. 

Elas trabalhavam de 6 à 7 dias por semana, por até 16h por dia em condições desumanas, recebiam salários baixos e não tinham plano de saúde. Quando chegavam em casa tinham que atender ao marido e filhos. Não havia conforto, eletrodomésticos nem alimentos prontos.

Fechar com chave de ouro um texto que achei a muito tempo na internet e acho que tem tudo a ver:

 Em "Diário da fábrica", Simone Weil escreveu: "a exaustão me fez esquecer finalmente as verdadeiras razões pelas quais estou na fábrica; ela torna quase invencível a tentação que esta vida traz consigo: não mais pensar". Sua experiência como operária metalúrgica levou-a a abandonar quaisquer noções românticas que ainda tivesse sobre o proletariado e sua (ou de quem quer que fosse) habilidade para ajudá-lo. Ela constatou que, salvo em raros momentos históricos de sublevação dos oprimidos, a opressão não resulta em rebelião, mas em obediência e apatia - e até mesmo na internalização dos valores do opressor." 


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